sábado, 11 de dezembro de 2010

Prefeito é assassinado e polícia prende 4 suspeitos

Jandira (AE) - O prefeito de Jandira, Walderi Braz Paschoalin (PSDB), de 62 anos, foi assassinado com tiros de fuzil e metralhadora por volta das 7h50 de ontem, quando chegava para gravar seu programa semanal em uma emissora de rádio da cidade, localizada a 30 quilômetros de São Paulo. O motorista do prefeito, Wellington Martins, também foi atingido pelos disparos e até às 20h30 continuava no centro cirúrgico do Hospital das Clínicas, na capital. Para a Polícia Civil, foi uma execução encomendada e a hipótese de crime político não está descartada.

Quatro suspeitos foram presos em pouco mais de seis horas, numa operação que mobilizou cerca de 40 investigadores de sete cidades da Grande São Paulo. A principal pista do caso foi o Ford Focus prata usado pelos assassinos, roubado na capital na quarta-feira. O veículo foi encontrado duas horas depois em um matagal, com o banco encharcado de gasolina. Dois suspeitos que estavam próximos do carro, ambos com ficha criminal, foram detidos por volta das 10h, quando tentariam incendiar o automóvel, segundo a polícia.

No fim da tarde, mais dois suspeitos detidos no mesmo matagal tinham marcas de pólvora nas mãos constatadas por exame residuográfico feito no Setor de Homicídios de Santana do Parnaíba, cidade vizinha a Jandira. Ambos também tinham antecedentes criminais - por roubo. A Polícia Civil informou que pediria a prisão temporária dos quatro ainda hoje.

Às 18 horas, os portões do ginásio municipal foram abertos para o velório do prefeito. Centenas de pessoas fizeram fila para se despedir de Paschoalin, cujo corpo. O corpo foi coberto com uma bandeira do município. O enterro está marcado para as 16h45 de amanhã, no Cemitério Municipal de Jandira.

Emboscada

No momento que foi alvejado por dois homens encapuzados, o prefeito descia do banco de passageiros do Fiesta de seu motorista, conhecido como Geleia. Os bandidos pararam com o Focus na frente do carro e dispararam 16 vezes. A maioria dos tiros atingiu o rosto de Paschoalin. Em seguida, os assassinos atiraram três vezes contra o motorista. Ele chegou a ser operado ontem à tarde, mas não resistiu aos ferimentos. Os disparos puderam ser escutados dentro do estúdio e, captados pelos microfones da rádio, foram ouvidos pelos ouvintes.

Apesar de ter à disposição dois carros blindados, o prefeito costumava usar o carro de Geleia para ir à Rádio Astral, onde gravava o programa Bom Dia Prefeito, nas manhãs de sextas-feiras Ontem, um dos blindados estava com pneu furado e o outro, emprestado a um parente.

A Rádio Astral funciona numa casa simples em Santa Tereza, bairro mais alto de Jandira, num lugar conhecido como mirante. Do ponto exato onde o prefeito levou os tiros, tem-se uma vista de toda a cidade. Mas uma única rua inclinada e estreita dá acesso à rádio. Não há outras ruas ou área de matagal que pudessem facilitar a fuga dos criminosos.

Eles tiveram de percorrer pelo menos dois quilômetros por dentro da cidade até chegarem à Estrada Pita, na saída de Jandira. Ali, abandonaram o carro que seria queimado pelos dois suspeitos presos pela manhã, de acordo com a polícia.

Cidade é marcada por crimes contra políticos

Jandira (AE) — Walderi Braz Paschoalin é o segundo prefeito assassinado em Jandira, cidade marcada por crimes contra políticos em apenas 47 anos de emancipação. Das sete vítimas de homicídios registrados na cidade este ano, três tinham carreira política e pertenciam ao grupo de Paschoalin.

Em julho, durante a campanha eleitoral, o ex-vereador Waldomiro Moreira de Oliveira (PDT), conhecido como Mineiro, de 49 anos, foi morto com cinco tiros no peito e cabeça em frente de casa. O pedetista foi acusado de compra de votos. A polícia aponta que o ex-vereador foi vítima de assalto.

Três semanas depois da morte de Mineiro, o suplente de vereador Antonio Ivo Aureliano, o Ivo do Gás, também do PDT, foi morto com vários disparos na cabeça, na mesma rua onde vivia o colega de partido. Para a polícia, não houve relação entre os dois assassinatos. A versão é de assalto praticado por dois homens em uma moto. As duas mortes levaram Paschoalin e o deputado estadual João Caramez (PSDB), seu padrinho político, a solicitarem mais policiamento na cidade ao secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto.

Hoje, os vereadores de Jandira contavam os casos de emboscadas e tentativas de assassinatos na cidade. O atual presidente da Câmara Municipal, Wesley Teixeira (PSB), é filho de Dorvalino Abílio Teixeira, morto em casa em 1983, quando era prefeito de Jandira. Na época, a polícia concluiu que ele foi vítima de latrocínio (assalto seguido de morte), mas até hoje há quem veja motivação política.

Vereador mais antigo da Câmara e líder do PSDB, Henrique Francisco de Alexandria, de 64 anos, diz ter escapado da morte duas vezes porque andava armado. “Aqui sempre foi assim, na bala Em 1993, eu era presidente da Câmara e não morri porque acertei antes dos bandidos”, contou. A mais recente emboscada ocorreu em 2006, segundo o vereador. Sem poder andar armado, Alexandria fala em deixar a cidade. “Agora estou realmente assustado. Cansei desse clima de medo, vou embora.”

Seu colega Wilson Coelho (PDT), de 48 anos, está no segundo mandato e diz ter sobrevivido a um atentado há dois anos. Ele conseguiu pular do carro dos bandidos que o haviam capturado. “Investigamos muita coisa errada e isso gera raiva nos bandidos”, afirmou.

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